quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

2 - KI - A definição do inexplicável

Ki não é Energia



Pelo geral na maioria das artes Marciais e sistemas filosóficos orientais de utiliza o termo japonês KI que equivale ao CHI da China e ao Prana da Índia todos eles se referem pelo menos a duas coisas:

1 - A energia primordial do universo da qual está composto tudo o que existe.

2 - A energia interna que tem cada ser vivo.

A maioria dos sistemas de auto-aperfeiçoamento orientais é baseada nestes conceitos, métodos para unificar a grande energia com a pequena energia.

Desde o Yoga Indiano, que o propõe como realidade formal, passando pelo antigo Taoísmo Chinês que propunha uma alquimia sobre o ser humano para conseguir o mesmo fim e por último o Zen japonês que propõe, através de sua prática, reconhecer estas energias e descobrir que são duas caras duma mesma moeda.



Seja como for, sempre falamos de modelos, uma forma de descrever a realidade mediante uma linguagem comum onde poderemos simular, de um jeito mais ou menos científico ou filosófico, o que realmente acontece na vida comum e poder prever as conseqüências que terão certos acontecimentos.

Nas ciências, este tipo de modelagem da realidade, funciona bastante bem, e basta com recordar que toda a estrutura tecnológica e científica de ocidente está baseada nesta forma de estudo.

O problema que se apresenta, seja na ciência ou em qualquer outro tipo de disciplina, é que quando desejamos estudar nossa própria consciência contamos para isso, com uma ferramenta só, que é nossa própria consciência.

O Princípio da Incerteza de Heisenberg (famoso físico do século passado, e estudado em todos os níveis de física nas universidades) postula que ao chegar a certo nível de pequenez, a nível da matéria, se determinamos o lugar onde ela fica não poderemos determinar para onde ela se está movendo.



E se determinamos para onde ela se move, perdemos qualidade na definição de onde fica.

Isto é assim, por que neste nível, o observador influi sobre o observado e este problema é absolutamente irresolúvel.

O matemático Kurt Gödell demonstrou matematicamente que qualquer sistema formal (isto é modelado com regras fixas) como as mesmas matemáticas, por exemplo, NÃO PODE NUNCA DESCREVER TODA A REALIDADE, basta apenas que o sistema seja formal para que tenha um problema sem resolução em seu próprio núcleo.



E se mudamos o sistema formal para resolver o problema pontual, aparecerá outro problema que não poderá ser resolvido.

Nem sequer a matemática (isto é a mais pura ciência "dura") está livre de problemas que não se podem resolver mediante as ferramentas que ela mesma oferece.

Qualquer pessoa normal pode, com duas ou três lições prévias, conduzir um auto numa cidade na hora do rush, atento ao trânsito, aos pedestres, as sinaleiras e fazer tudo isto com uma mão sozinha, enquanto com a outra se atende um chamado telefônico ou se seleciona uma estação de rádio.

Poder explicar completamente como se realiza o anterior desde o neurológico, o fisiológico ou o psicológico é praticamente impossível e de fato, as tentativas atuais de criar inteligência artificial requerem que estes processos possam ser modelados matematicamente para poder construir softwares (programas) que emulem a forma em que o ser humano resolve este problema.

O mundo científico atual está dividido em dois grandes grupos com respeito à abordagem deste problema:

1 - os que opinam que: o cérebro é um computador muito especial que roda programas matemáticos que geram tudo o que somos, sentimos e pensamos.

Mas este software é tão complexo que não podemos compreender, bastaria seguir procurando e pesquisando os algoritmos (fórmula mecânico - matemática de resolver problemas) para poder fabricar no futuro consciência artificial.


2 - o outro grupo propõe que: a forma em que funciona a consciência não tem nada que ver com algoritmos, softwares nem nada similar à computação.

A resposta não poderá aparecer pela simulação matemática, já que a consciência não é só isso e o problema é que não podemos estudar nossa consciência, usando como ferramenta nossa própria consciência. (lembram de Heisenberg?).


Esta última posição é muito próxima ao problema que desde faz vários séculos tira o sono de muitos cultores da meditação Zen e das Artes Marciais.

Para quem quiser aprofundar nestes temas, recomendo a leitura do livro Escher, Gödell e Bach, um entrecruzamento de gênios brilhantes do doutor Douglas Hoftslater.



A consciência livre e sem ataduras e a visão da realidade sem filtros, sempre foi muito desejada pelos artistas Marciais, quem ao estar defronte a um inimigo que o vai atacar, valorizam muitíssimo o fato de poder visualizar o ataque real e não o símbolo de ataque.



Já que: a análise mental do símbolo, seguramente vai custar uma fração de tempo, durante a qual, se o atacante é experiente, poderá atacar e até tirar a vida do seu oponente.

São tantas variáveis no mesmo tempo, que não temos forma de explicar como o fazemos.

Mas existe, a possibilidade, através do treinamento, de fazer, ainda sem saber como.

É algo muito similar à intuição e que só se pode desenvolver com um trabalho constante através da vida toda.

É potência mediante o relaxamento, de coordenar a mente com o corpo, do "timming" sem velocidade e de toda uma série de conceitos que não podemos explicar cientificamente, mas podemos realizar sim.



É ARTE, compromisso com todo o corpo e a mente, de criar alguma coisa, partindo da nada.



O título deste parágrafo é KI não é Energia, no entanto nas duas definições a seguir é definido como Energia.

A razão do anterior é que enquanto não podemos definir com clareza que é o Ki, podemos trabalhar com qualquer modelo que o represente para nossos fins.

Para isso foram escolhidos os seguintes:

O Ki é o uso simultâneo da mente e o corpo, sem restrições, sem limites e sem intervenção direta da análise simbólica.

O Ki é ação e intuição.





De aqui em adiante usarei esta definição do Ki para explicar as formas de desenvolvê-lo e incorporá-lo através da prática marcial a nossa vida diária.

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