quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

8 - AIKI - União e Harmonia.

Unificar para ir juntos.

As portas do paraíso




Um Samurai apresentou-se ante o mestre do templo Zen e perguntou-lhe:
- Existem realmente o inferno e o paraíso? - Quem és tu? - Perguntou o mestre. - Sou um guerreiro samurai...
- Teu um guerreiro? - exclamou, - mas olha-te bem, quem vai crer em ti? E quem vai querer ter-te a seu serviço? Tu pareces um mendigo!
A cólera apoderou-se do samurai. Pegou seu sabre e iniciou a ação para tirar ele da bainha.
O mestre continuou:
- Ah! Inclusive tem sabre!. Mas seguramente és demasiado torpe para poder cortar-me a cabeça.
O samurai levantou seu sabre disposto a golpear ao mestre. Nesse momento, este lhe disse:
- Aqui se abrem as portas do inferno.
Surpreendido pela segurança calma do Mestre, o samurai guardou o sabre e inclinou-se respeitosamente.
- Aqui se abrem as portas do paraíso!

Depois do processo de Irimi-Tenkan podemos afirmar que dominamos a situação sem perder nosso equilíbrio, sem machucarmos nem machucar ao outro.

Conseguimos unificar nossa direção, potência, visão e inclusive nossos sentimentos com os do atacante.

Fizemos desaparecer as noções de atacante e defensor, realizamos o grande objetivo de todas as Artes Marciais, a eficiência absoluta não há nenhuma possibilidade mais de perder (também não de ganhar) por que o mesmo conceito de ganhador-perdedor deixou de fazer sentido.



Para um ganhar, alguém tem que perder, para atacar, alguém tem que ser o objetivo é preciso criar uma separação entre os atores para gerar uma ação que depende de ambos.

Agora estamos num terreno absolutamente novo, onde não podemos falar de atacante e defensor.

Agora só existe um ente atacante-defensor com uma dinâmica e psicologia própria.

Um centro, que é nosso próprio centro, e uma consciência própria que unida à sensibilidade permite realizar a próxima etapa conhecida também como Controle Conducente.



Todas as técnicas que se realizem de aqui em adiante, terão como objetivo, não perder nosso centro e não separar, conduzir o movimento resultante das forças e direções envolvidas, das posições relativas de cada corpo, sendo responsáveis por obter o controle destas resultantes, sem que se perca a conexão.

Não é simples e neste ponto nascem todas as teorias que geram a concepção das Artes Marciais orientais, o Zen Japonês, o Chi Kung Chinês, o Taoísmo como algo mágico, sobrenatural ou pior ainda, como uma pseudociência.

Onde se tentam analisar e avaliar as técnicas aplicadas como se fossem teoremas matemáticos e os deslocamentos e ações humanas como se só fossem corpos físicos sem emoções nem sentimentos.

Qualquer movimento de aqui em adiante é válido, desde que, conserve o centro próprio e permita manter a união conseguida.

Para isso será necessário conhecer técnicas específicas baseadas em trajetórias circulares, espirais, utilizar a visualização do corpo às vezes como um quadrado (estabilidade) às vezes como um triângulo (direção) e às vezes como uma esfera (mobilidade).

Utilizar as forças geradas pelas trajetórias circulares (centrífugas e centrípetas).



Aprender a cair sem machucar-se e voltar a parar-se rápido, percebendo à queda, não como uma derrota, senão como a continuação lógica dos princípios antes detalhados.

Treinar com Armas, fazendo destas extensões naturais de nosso corpo.



Observar e aprender da Natureza que é o único grande Mestre que brinda todos seus conhecimentos a quem se detém a observar.


Um exemplo de Controle conducente nas técnicas de Aikido:



Esta técnica é conhecida em Aikido como Katatedori IrimiNage.

O atacante realiza Katatedori que é tratar de pegar o braço esquerdo do oponente pelo pulso, com sua mão direita.

Podem observar como quem realiza a técnica não se opõe em nenhum momento nem à direção nem ao impulso do atacante, acompanhando-o até que esgote seu impulso, e depois, exatamente nesse momento, projetando ele no sentido em que é desequilibrado.

Dica: O uso de palavras de Origem Japonesa é inerente às Artes Marciais e com o tempo chega a ser muito mais descritivo que as traduções.

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