quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Rugby e Artes Marciais

Uma experiência pessoal e uma proposta para unir dois mundos que tem muito mais em comum do que parece numa primeira visão..........

Um post publicado pelo mesmo autor na rede AIKI CLUB clique aqui para abrir o artigo selecionado.



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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Filme Hotel Ruanda - Um gerente "Samurai"



O melhor exemplo do que o respeito aos princípios o treinamento e a disciplina podem fazer por uma pessoa e pela sociedade.

Recomendo muito que vejam completo este filme (fácil de alugar em qualquer vídeo-locadora) para conhecer a história REAL do homem que salvou mais de 1200 pessoas da massacre étnica que aconteceu na Ruanda em 1994.

Vejam como este simples gerente de hotel multinacional, consegue agir sempre corretamente e com o "timming" exato, negociar com os "inimigos", obter ajuda dos "poderosos" e ajudar a sua familia, vizinhos e até gente desconhecida.

Como consegue agir no meio da loucura, seguindo seus princípios com disciplina, postura, inteligência negociando inclusive com os personagens mais terríveis e violentos.

Nunca eu vi melhor definição de disciplina que ele colocando dia após dia seu paletó e gravata no meio do desastre, do medo e das mortes.

E fazendo trabalhar aos funcionários do hotel como se todo estivesse normal, inclusive acompanhando com a sombrinha aos poucos hóspedes ocidentais e aos muitos refugiados que ele recebia dia após dia.

O protagonista real desta história, mora hoje na Bélgica (nos extras do DVD tem uma excelente reportagem dele)







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Meu filho começou a treinar RUGBY

 
Tenho um filho de 14 anos. Ele dorme umas 8 horas, fica na escola outras 5 horas e o resto do dia é dividido em comer, olhar a televisão e brincar com o computador......

Nos anos anteriores ele já treinou futebol, baseball, basket, natação e até um pouco de Aikido me acompanhando nas aulas que eu ministrava.

Por diversas razões, ele foi abandonando todas as atividades físicas, mas o computador e a televisão foram usados cada vez mais......

Uma história bem comum para qualquer familia que more num centro urbano nos últimos tempos.

Na pré-adolescência, os meninos mudam rapidamente, tanto que as vezes os pais nos encontramos olhando para eles e dizendo "já é um homem" e não conseguimos detectar quando foi que eles cresceram tanto.

O problema é que também cresce a barriga, a rigidez e os problemas de saúde derivados da falta de atividade física. Sempre acreditei que os esportes de grupo, quando bem ensinados, são uma das melhores ferramentas para que um jovem mantenha seu corpo sadio e além disso treine os fundamentos das relações sociais que no futuro, com certeza, vai ter que exercitar.

Eu tenho 47 anos, e na minha juventude tinha perfeitamente claro que queria apreender Artes Marciais, mas meu pai (que pagava as aulas e tinha a última palavra) não deixava, e como compensação me obrigou a conhecer e treinar dezenas de esportes e atividades físicas com a esperança que abandonara minha idéia de treinar Artes Marciais.

Assim ( e sempre vou ficar grato com meu pai, por isso) dos 8 até os 18 anos, treine quase todos os esportes disponíveis nos clubes de meu bairro e um deles foi o Rugby.

15 integrantes por cada time se enfrentam num campo gramado um pouco maior que o de futebol, com dois arcos em cada ponta em forma de H. Disputam por uma bola de forma ovalada que deve ser apoiada atrás da linha final do campo adversário ou chutada por sobre a trave me forma de H. Tem uma enorme quantidade de regras, códigos de comportamento, contato físico extremo e requer grande treinamento para aguentar uma partida sem se machucar ou ficar extenuado. Também possui um amplo leque de técnicas e regras que praticamente impedem os comportamentos ruins, perigosos e as más intenções dos jogadores.

Gostei bastante, mas aos 18 anos, com o dinheiro de meu próprio salário, decidi partir para o treinamento de Karate, meu pai já tinha desistido de tentar me desestimular.

Após isso, estudei Karate, Judo, Taekwondo e Aikido por mais de 20 anos.

Nas ARTES MARCIAIS (quando são estudadas e treinadas como ARTES), não existe a competição e o objetivo final é o aprimoramento constante da personalidade e das técnicas de cada aluno. Não existe inimigo nem aliado fora de sim mesmo (a unica competição real é contra ele mesmo).

Especialmente no AIKIDO, encontrei uma grade quantidade de respostas para minhas perguntas, que me acompanhavam desde minha juventude por exemplo:

Onde está o centro gerador de potência do nosso corpo?
  • Como poder enfrentar alguém mais forte ou habilidoso?
  • Como o simples treinamento físico pode influenciar positivamente nossa personalidade?
  • Como manter a atenção sempre alerta sem ficar "grudado" nos meus pensamentos ou acontecimentos externos?
  • Como conservar o equilíbrio, a distancia, o relaxamento e a eficiência baixo pressão?
  • Por que o relaxamento pode gerar eficiência?

Com o tempo, e também a paciência quase infinita de meus professores e companheiros, depois de quase uma vida dedicada aos treinamentos e estudo, achei algumas respostas no fundo de meu coração (as respostas teóricas ou intelectuais, já tinha achado muito antes, mas não foram suficientes).

O problema foi, que junto com o esclarecimento de algumas destas dúvidas, chegaram também um novo lote de dúvidas mas esta vez referidas ao "centro" da metodologia de ensino das mesmas Artes Marciais tal como são ensinadas hoje.

Muitos de meus professores, alunos, companheiros de treinamento e amigos brincaram que era "a crise da idade adulta" que me havia afetado jejejeje.......

Pode ser, mas acredito que tem mais alguma coisa, alguma razão realmente válida.

Resumindo:
As experiências de transformar as Artes Marciais em esportes ou lutas profissionais demonstraram que as artes deixavam de ser ARTES e mudaram para outra coisa, perdendo no caminho, suas melhores virtudes.

Mas as que se conservaram fieis a seus raízes, se converteram (em muitos casos, não todas) em "aguas paradas" conhecimentos que não evoluem e contradizem sua própria essência. Podem conferir um exemplo disto no post O lado obscuro do KI na parte "O mestre KIAI"

Minhas principais questões, agora são:

Por que devemos esperar 20 anos de treinamento para re-conhecer os princípios fundamentais das Artes Marciais e ainda não poder testar eles em situações reais na vida cotidiana?

Eu não estou falando de dominar perfeitamente toda uma ARTE (coisa que pode requer muito mais de 20 anos) senão de reconhecer e testar seus princípios de funcionamento em nosso dia-a-dia.

Não seria bom ensinar a experimentar alguns dos princípios básicos para que o público comum (não treinado em Artes Marciais) pudesse tentar aplicar eles nas suas atividades, lazer ou profissão e utilizar esta experiência como campo de evolução (feedback) das Artes Marciais, sem ter que misturar elas o fazer que sua essência seja esquecida?


Eu já encontrei muitas experiências deste tipo como por exemplo na medicina, na política e em muitos outros campos do conhecimento.

Feita toda esta longa (mas necessária) introdução, vou seguir comentando a experiência de meu filho no Rugby e depois as conclusões:

Por meu trabalho como programador, tenho muito contato com internet e nela encontrei que existia a possibilidade de treinar Rugby em Florianópolis, contatei os responsáveis e lá fomos, um Sábado pela manhã para presenciar um treinamento num lugar onde nunca poderia ter pensado que existisse um campo de Rugby, entre as dunas, o mato, a lagoa e a praia de Joaquina. (essas coisas que somente parecem ser possíveis aqui em Florianópolis)


Encontramos vários times treinando, de diferentes clubes, adultos, garotos e mulheres, representando quase todos os cantos de Floripa.

Posso lembrar 1 português, 5 argentinos, 2 ingleses, 2 chilenos e 3 uruguaios, quase todos ex-jogadores ou técnicos nos seus países de origem, ensinando e treinando um grupo de aproximadamente 50 jovens quase todos brasileiros de origem, uma experiência bem "inter-cultural".

Eu não vou negar que tinha "um pé atrás" com respeito à atividade, como já escrevi antes, a segurança dos jogadores depende muito da qualidade técnica, moral e metodológica de quem ensina.

E aí é que tive uma excelente surpresa, o cara responsável, não somente conhecia perfeitamente o jogo (com esse jeito de quem tem anos e anos treinando uma atividade) senão que fazia questão de cuidar dos meninos, sem apartar-se nem um segundo deles quando treinavam ou jogavam. Passava para eles constantemente dicas de como se comportar corretamente e castigava duramente (com palavras e flexões) a quem dizia palavrões ou colocava em risco a segurança de seus companheiros.

E mais importante ainda, esclarecia permanentemente a todos que eram UMA EQUIPE, que o rendimento de cada um influenciava o rendimento do grupo todo, que é importante compartilhar e que os erros e falta de atenção prejudicavam não somente ao jogador senão ao time todo.

Exatamente as lições que eu queria para meu filho!

Foi passando tempo e fomos conhecendo outros times e treinadores e por enquanto posso garantir que, com maior ou menor afinidade pessoal, todos respeitam esses princípios de jogo limpo e honra que parecem ser parte inseparável do esporte quando é compreendido como "fair play".

Como eu estou acompanhando os treinamentos completos, consegui perceber o seguinte:

A flexibilidade de cada jogador e sua percepção do grupo são muito importantes.
    a rotina previa de aquecimento, bem poderia ser enriquecida com a ginástica e exercícios de respiração e unificação que são feitos antes do inicio do treinamento do Aikido. Especialmente pelo fato de preparar as articulações para o movimento e gerar um estado de "atenção flutuante" onde cada jogador tem uma espécie de conexão constante com o grupo todo, ele mesmo, seu equipe e os adversários sem deixar que nada atrapalhe sua concentração.
    • Os jogadores deveriam ter uma técnica apurada de quedas e rolamentos.

    em cada partida é muito comum sofrer quedas, decorrentes de "tackes", empurrões ou simplesmente decorrentes do desequilibro na dinâmica de uma jogada, para evitar machucados e além disso, se-levantar rápido e continuar com a jogada, as técnicas de queda do Aikido podem ser utilizadas, elas foram desenvolvidas para que o aluno apreenda a cair sem se machucar e se levantar o mais rápido possível sem perder a dinâmica dos acontecimentos.

    Em certas jogadas é muito vantajoso saber baixar o centro de gravidade, ter "base" e saber "fazer força".

    no ruck ou no scrum a habilidade de "baixar o próprio centro" e saber conduzir a força do chão para os braços e ombros, unida aos conhecimentos técnicos de cada jogada, podem fazer uma enorme diferencia na questão potência e efetividade, varias técnicas e exercícios do Aikido, como o tenchi-nage ou kokiu-ho ajudam muito na percepção da geração e deslocamento das forças assim como no sentimento de geração de energia no centro do corpo (seika tandem).

    O "braço inflexível" do Aikido é muito útil no "Hand Off" do Rugby.










    existe em varias Artes Marciais, um exercício onde se treina um jeito de manter o braço esticado sem que o adversário possa dobrar ele por mais força que ele aplique, se concentrando mentalmente na extensão da energia e sem deixar que o foco da sua atenção seja apropriado pela ação do oponente. É muito similar a imaginar que nosso braço é como uma mangueira de bombeiro, totalmente fácil de dobrar quando vazia e quase impossível quando a água está passando com forte pressão através dela. É experimentar a "força da imaginação" imaginando que nossa respiração é como a água que passa desde nosso centro através de todo nosso braço e sai pela ponta dos dedos abertos. Um método para experimentar como a força da expansão muitas vezes é mais poderosa que a simples força de contração muscular.

    O jeito de tratar e passar a bola no Rugby tem muito em comum com a forma de segurar e mexer as armas nas Artes Marciais.

      no último treinamento de meu filho foi pedido para ele e seu grupo que não executem "passes hospital" ou seja: passes altos, com a bola jogada de qualquer jeito, para um companheiro que vai ter que se-esforçar para poder pegar a bola e pior que isso ainda, numa posição desvantajosa, na qual quase com certeza vai receber um forte "tacke" que o pode enviar para o hospital.

    Além da piada, o treinador falou que tinham que colocar "peso na bola" antes de fazer o passe.

    Nas antigas Artes Marciais os alunos que treinavam uso da espada, perguntavam para seus mestres "onde colocar a concentração" (na empunhadura ou na ponta da espada?, no adversário ou em eles próprios?) e com que força devia ser pegada a espada? (quando as mãos estão com muita tensão, um golpe "seco" da espada do oponente, pode com facilidade tirar de nossas mãos nossa espada, e se nossas mãos estão muito relaxadas pode acontecer a mesma coisa, qual é a força justa e necessária? ).

    As respostas dos mestres eram:

    "A concentração não deve se fixar em parte nenhuma, estando livre e disponível para passar automaticamente de um lugar para o outro, se adaptando a qualquer situação...."

    "A forma de empunhar uma espada (bola no Rugby) é como segurar um passarinho na mão, com a força necessária para que ele não fuja, mas impedindo o excesso, que terminaria com o passarinho esmagado dentro de nosso punho"

    De estas respostas sairiam uma série de exercícios destinados a apreender a colocar a força completa do movimento na ponta da espada (ou na ponta da mão, ou no Rugby na bola mesma).

    É mais ou menos o mesmo que fazemos naturalmente ao cortar um bife com a faca numa refeição, colocamos a força na ponta da faca não na sua empunhadura (coisa que fazem os meninos quando ainda não sabem usar os talheres, fazendo o triplo de força que a necessária e sem lograr cortar a carne....)



    CONCLUSÕES
    *** Nos últimos dias com a noticia que o Rugby vai voltar para os jogos olímpicos e justo quando Brasil será sede deles, tem atraído muita gente para a atividade e dentro dela, criou a necessidade de encontrar talentos jovens para ter uma seleção bem competitiva para então.

    *** Acredito que incorporar conhecimentos e treinamentos das Artes Marciais dentro das rotinas de treinamento de equipes de Rugby (e na realidade de vários outros esportes de competição) pode trazer enormes benefícios, tanto para os rugbiers como para os artistas marciais que encontraram um campo de experimentação real e protegido para a aplicação prática dos princípios estudados e treinados nas suas disciplinas.

    (Podem conferir uma boa matéria sobre o Rugby como Batalha Medieval no site do Desterro Rugby Clube) *** Meu conhecimento mais forte é na área das Artes Marciais, creio que com a colaboração de um treinador experiente e preparadores físicos, testando um programa devagar e corrigindo de acordo aos resultados obtidos pode-se definir:
    1) uma sessão (única) de aproximadamente 1 hora com os fundamentos dos princípios das Artes Marciais, falando num idioma "rugbystico", com exemplos que sejam conhecidos na atividade mesma e tentando que os participantes experimentem (sentir) quais são as vantagens de estudar e aplicar o novo modelo, tanto em seus treinamentos, como nos jogos mesmo. (podem conferir um trabalho similar, que deverá ser adaptado, no post -> WORKSHOP EXPERIÊNCIA AIKI)
    2) uma rotina de aproximadamente entre 5 e 10 minutos para incorporar no aquecimento prévio aos treinamentos focada especialmente na coordenação mente-corpo através da respiração, elongação das articulações, deslocamentos (tai-sabaki) e quedas (ukemis) e eventualmente, 5 minutos de treinamento de uma técnica em duplas (especialmente recomendadas kokiu-ho, tenchinage ou iriminage) trocando cada 4 vezes o executor.


    Estou escrevendo este texto com o intuito que seja lido pela maior quantidade de gente relacionada com o Rugby e as Artes Marciais em particular e outros esportistas no geral.

    nota:Por favor, lembrar que certos conhecimentos demasiado óbvios para um conhecedor de uma atividade podem ser desconhecidos para um outro leitor que conheça a outra atividade, por isso decidi explicar, de um jeito bem simples, todos os conceitos básicos de ambas atividades. Espero comentários e gostaria de ter propostas para fazer acontecer esta idéia, avaliar seus resultados e publicar no futuro os resultados.







    CONTATO

    Claudio Budnikar - Artista Marcial - Ex jogador de Rugby. email via AIKI CLUB: zanshinaikido@gmail.com email via BLOG ARTES MARCIAIS HOJE: zanshinaikido@gmail.com

    REFERÊNCIAS
    Blog Artes Marciais Hoje Desterro Rugby Club Associação Brasileira de Rugby

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    sexta-feira, 6 de novembro de 2009

    Apresentação Workshop Experiência AIKI



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    quarta-feira, 13 de maio de 2009

    Respostas às perguntas mais comuns sobre o Workshop de Defesa Pessoal


    veja as respostas às perguntas mais comuns clicando -> 
    aqui.

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    sexta-feira, 24 de abril de 2009

    Segurança pessoal na cidade

    Relação estreita entre os conceitos de Zanshin = Atenção e Ma-Ai = Distância entre as Artes Marciais e os conselhos para segurança para cidadãos nas cidades.


    Encontrei este texto na internet e me pareceu muito realista e útil para levar em conta nestes dias de violência.

    Mas o que mais me chamou a atenção foi o fato de comprovar que os princípios das AM são as bases de qualquer estratégia de segurança na cidade para cidadãos comuns sem treinamento específico.

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    quarta-feira, 8 de abril de 2009

    Algumas Frases Curtas


    Temos que treinar para matar, dentro de nós mesmos, a necessidade de matar. antigo tratado do uso da espada dos clãs de Japão.

    O vazio é a fonte de todo pensamento e todas as coisas.
    antigo tratado do taoismo chinês.

    Existem coisas evidentemente verdadeiras que não podem ser demonstradas por nenhum sistema científico formal.
    conclusão da aplicação matemática do teorema de Godel.

    No estudo do infinitamente pequeno, nosso olhar influencia os resultados.
    conclusão da aplicação física do teorema de Heisenberg.

    O tempo é relativo, o instante pode ser eterno.
    conclusão de um mestre japonês de Artes Marciais.

    1200 metros é a distancia certa para enfrentar um adversário armado com um rifle.
    Explicação do conceito de ma-ai (distância justa) de um mestre de Aikido contemporâneo.

    O suave e flexível vence o duro.
    do livro chinês Tao Te King.

    Nosso centro de poder físico e intelectual fica quatro dedos debaixo do umbigo, no meio do corpo.
    de qualquer professor de Artes Marciais (e agora tambem de Pilates).

    Não existe primeiro ataque, embora certas defesas sejam executadas antes do ataque do adversário.
    uma adaptação livre de uma dica de origem japonês "Em Karate não existe primeiro ataque" unida com ou outro conceito famoso da Arte: "de-ai = executar a defesa antes que se inicie o ataque...." .

    A postura e respiração são tão importantes como a técnica e o conhecimento.
    qualquer professor de Artes Marciais, Arte ou esporte.

    O amor por todas as coisas é o centro de qualquer arte.
    versão livre de um dos ensinamentos do criador do Aikido.

    A pressão justa para pegar uma arma é como segurar um passarinho na mão, sem força para não esmagar-lo e com a firmeza suficiente para que ele não fuja. antigo manual de esgrima japonêsa.

    Flexibilidade e relaxamento são grandes fontes de potência.
    professor anónimo de Artes Marciais.

    Primeiro, unir mente e corpo através da respiração depois nós unir ao adversário, quando o conceito de adversário desapareça a vitória sempre fica garantida.
    conclusão de um análiese da estrutura de ensino do Aikido.

    Somente se sabe o que se sabe com o corpo todo.
    anónimo.





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    quinta-feira, 26 de março de 2009

    Princípios do Aikido aplicados na Medicina

    Uma matéria na que se descreve como um médico de 81 anos com experiência de longa data na Arte Marcial Aikido, criou e está aplicando um método para mexer pessoas acamadas em fazer esforço demais e sem provocar danos ao executor nem à pessoa acamada.


    Da Folha de São Paulo de hoje: (26/03/2009)

    SAÚDE

    Aikido funcional

    Método baseado em arte marcial ensina a mover e transferir pessoas acamadas usando pouco esforço, o que previne lesões nos cuidadores e dá mais segurança aos pacientes

    FLÁVIA MANTOVANI
    DA REPORTAGEM LOCAL

    Cuidar de uma pessoa acamada é um desafio por vários motivos. Um deles, que pode passar desapercebido, é a força física exigida para movimentar e transferir o paciente. Mudá-lo de posição na cama, ajeitá-lo na cadeira ou levá-lo para o banho são gestos cotidianos que, se forem feitos de forma inadequada, podem gerar problemas posturais e lesões por esforço repetitivo nos cuidadores.
    Ao observar essa dificuldade, o fisioterapeuta francês Paul Dotte, 81, criou um método que se propõe a prevenir o problema. Praticante de aikido desde a juventude, Dotte criou, em 1961, sequências de movimentos mais ergonômicos baseadas nessa arte marcial oriental.
    Assim como o praticante de aikido usa a energia de seu atacante para controlar suas ações com o mínimo esforço possível, no método Dotte o cuidador usa o peso do próprio paciente na hora de mexê-lo.
    "Percebi que os movimentos dos cuidadores eram inadequados e que, consequentemente, os pacientes ficavam prejudicados", afirmou Dotte à Folha, por e-mail, na semana passada.
    Referência em sua área, ele foi diretor por 18 anos da escola de fisioterapia do hospital universitário de Montpellier (França) e foi membro da diretoria das federações francesa e europeia de fisioterapeutas.
    Além de dar segurança ao paciente, o objetivo do método é reduzir os danos e as lesões de quem o manipula, que podem ser tanto enfermeiros, fisioterapeutas e outros cuidadores profissionais quanto familiares. A ideia é que, com os novos gestos aprendidos, eles consigam manusear os pacientes com mais eficiência, o que reduz os danos osteomusculares.
    "O método proporciona mais habilidade no manejo dos pacientes e reduz o temor de causar lesões, já que são utilizados gestuais amigáveis e ergonômicos", completa Dotte.
    Um dos discípulos de Dotte, Max Abric, chegou ao Brasil no início da semana para ajudar a implementar, em São Paulo e no Rio de Janeiro, grupos de capacitação de cuidadores baseados no método Dotte.
    "A técnica permite que uma só pessoa faça, sem tanto esforço, uma ação que exigiria a ajuda de mais alguém", exemplifica Flávio Pinheiro, fisioterapeuta da Pronep, empresa brasileira de assistência domiciliar que já ensina a técnica a instituições de saúde conveniadas e planeja um curso gratuito para familiares cuidadores no segundo semestre.
    Pinheiro afirma que os exercícios são adequados ao perfil do paciente: se ele estiver consciente, pode participar da ação, ajudando nos movimentos. Para o fisioterapeuta, a vantagem do método é focar tanto no doente quanto no cuidador. "No dia a dia, as pessoas acabam dando um jeito: há quem use lençóis, puxe o braço do paciente, pegue pelo seu pescoço. Mas, como ele está frágil, esses puxões podem gerar luxações, por exemplo. E o cuidador pode ter tendinite ou lesão."
    A técnica também é ensinada na França, na Espanha e na Austrália. Dotte não tem livros publicados no país, mas lançou um título em Portugal, "Gestos e Ativação para Pessoas Idosas", pela editora Lusa Ciência.

    PALESTRA SOBRE O MÉTODO

    Jornada Pronep: 27/3, das 9h15 às 10h30; r. Sena Madureira, 1.355,
    São Paulo; preço do evento (outras palestras incluídas): R$ 350; tel. 0/xx/11/5087-3470.

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    terça-feira, 24 de março de 2009

    Tem futuro as Escolas de Artes Marciais?


    Eu sei que este é um tema muito polêmico e espero que possa transmitir ele com clareza.

    Depois da explosão do Judo, do Karate, do kung-Fu, do Taekwondo e logo do Aikido e o Jiu-Jitsu, cada um deles impulsionado por algum filme, ator ou noticia nos jornais.

    Cada um deles tive sua década de "moda" e crescimento até seu substituído por outra novidade.

    Deixaram, cada um deles, estruturas, professores, mestres e alunos organizados em escolas que após do ápice do crescimento, foram saindo da mídia e ficaram estagnadas quando não desapareceram de vez.

    Nos últimos anos, não somente no Brasil senão em todo o mundo, as coisas ficaram assim:

    1)Tem escolas que viraram somente esportes e ainda tem um pequeno espaço de crescimento pelas noticias esportivas na mídia mas quase perderam todas suas características de Artes Marciais sendo catalogadas como "lutas esportivas"

    2)Tem grandes associações lideradas por mestres que tem trabalhado muito e conseguido sobreviver, quase sempre baseados em personalidades altamente carismáticas, além de seus conhecimentos técnicos e pedagógicos.

    Esta última categoria somente é sustentável pelo fato de se desenvolver numa central com classes ditadas pelo mestre (o que atrai muita gente) e outras aulas quase sempre ministradas por os alunos mais jovens e graduados que oferecem seu trabalho em troca da experiência de "ministrar aulas na Central do mestre .... " sem cobrar nem representar cargas para a associação.

    Isto permite juntar o chamariz do nome de um grande mestre, com estruturas grandes e perto das grandes cidades, junto com um amplo leque de horários e baixo custo.

    Também existem os alunos que querem fazer sua própria experiência e abrem locais de treinamento fora da da central, eles com muito sofrimento e dificuldades geralmente ficam nos bairros da periferia, tem custos bem mais em conta e locais de treinamento não dedicados exclusivamente ao ensino da sua arte, senão compartilhados com outros (o típico caso das academias de musculação que tem Artes Marciais na sua grade de ofertas).

    Nestes locais além de não contar com o carisma e nome do diretor, o instrutor tem que lidar com o dono da academia que geralmente quer retorno rápido (isto é muitos alunos) e vai exigir cadastramento no conselho de educação física, horários ruins e instalações que não prestam para o ensino complexo das Artes Marciais.

    Tem milhares de razões para explicar por que estas opções não conseguem prosperar, mais ainda quando as organizações centrais pedem parte do pouco dinheiro juntado para organizar seminários com o mestre ou para pagar viagens dele e direitos de exame.

    Dentro deste modelo é lógico que somente sobreviva o local Central, já que todo está direcionado para seu sucesso, inclusive em detrimento das sucursais.

    Entre os instrutores que tentam difundir a sua Arte fora das estruturas centrais (ou dentro delas mas em horários alternativos e sem participação na administração do local) também existem outras categorias:

    A) Os ambiciosos que desejam crescer de qualquer jeito, que geralmente vão trocando de mestres, organização e inclusive de Arte de acordo a suas necessidades.

    B)Os "bem intencionados" cheios de boas idéias, sem outras ferramentas que uma enorme paixão pela sua atividade e que sustentam a estrutura central.

    Sei perfeitamente que estou generalizando e que existem outras possibilidades mas para fazer uma análise da situação me vejo obrigado a excluir as exceções.

    Acho que por tudo isto, é bastante difícil encontrar grupos que possam sobreviver vários anos, com os mesmos participantes.

    Por isso geralmente os mestre é rodeado por jovens instrutores e os de idade media com mais experiência abandonam o treinamento.

    Também a gente de fora termina percebendo com clareza que as Artes Marciais muitas vezes se fala uma coisa mas se faz outra:

    Exemplos:

    "Não existe a competição com outros, a verdadeira luta é dentro de você mesmo..."
    Mas nos jornais vemos constantemente notícias de "Torneios de Artes Marciais e lutas" com a participação ativa ou passiva de muitas escolas que promoveram frases como a acima escrita.

    "O dinheiro não é importante"
    Mas deixe de pagar 1 ou 2 mensalidades e está fora, e para fazer um exame tem que pagar e para treinar precisa de roupas, escudos, armas, etc. etc.

    "A humildade é o mais importante"
    Mas muitos instrutores passam falando que sua Arte é muito melhor que a outra assim como sua escola tem muito melhor técnica, etc. etc...

    "Harmonia e união"
    Mas qualquer escola quando tem mas de 20 alunos e 2 professores sofre de partições e já aparecem dois ou três novos estilos cada um deles falando que é o mais eficiente, o mais real e melhor que os outros.......

    Então, a gente de fora não é tão ingênua assim, se os que treinam durante anos estes sistemas, são assim, evidentemente estes métodos não servem para desenvolver o que eles prometem....

    Existe ainda uma outra categoria de grupos onde todos rodeiam ao superior de uma aura mágica e mística, onde nada se comprova nem se discute, onde o superior é uma espécie de semi-deus estas estruturas tendem a perder a técnica e os objetivos e terminam sendo simples ferramentas de auto-promoção de seus lideres.

    Na outra ponta da linha, os projetos sociais que geralmente são direcionados para as comunidades carentes, onde o professor ministra aulas de graça (ou quase) e os alunos tem roupas e outras despesas bancadas por empresas ou políticos que colocam parte do seu dinheiro em troca de publicidade.

    Quase sempre terminam em um ou dois anos, seja por que o instrutor fica cansado ou por falta de interesse dos alunos, coisa que geralmente ocorre quando tudo é oferecido de graça, sem nenhum compromisso formal.

    Bom, até aqui uma visão pessimista da situação atual, mas que permite analisar o que se pode observar na realidade.

    Mas, depois de este análise, pode que exista alguma outra razão formal para a endêmica falta de interesse a logo prazo sofrida pelas escolas de Artes Marciais?

    Pode que exista também uma razão social?

    A sociedade da internet quer tudo JÁ e de graça.....

    A psicoanálise por exemplo já sofreu de esta tendência onde os pacientes não querem se comprometer em tratamentos longos, caros e que requerem que o paciente se comprometa fortemente....

    Todos sabem que para solucionar grandes problemas se requerem grandes esforços, mas aparecem constantemente tanta publicidade de terapias rápidas, mágicas, baratas e sem esforço, que quase ninguém quer suportar o esforço para conseguir suas metas.

    No caso das indústrias do entretenimento e música isto já ficou bem claro...

    Hoje os músicos não tem ganhos pela venda de sus CD´s através das companhias senão através de suas apresentações em direto e em shows.
    As músicas podem ser até baixadas de graça na internet.

    Será que as Artes Marciais (e o ensino de Artes no geral) também vão seguir um modelo assim?

    Hoje quase tudo ser obtido na internet, textos, opiniões, técnicas, análises além dos endereços e características de cada escola.

    O único que não pode ser obtido assim é a experiência, não seria lógico que os mestres ou professores realizem seminários e palestras com participação oferecendo para o aluno uma experiência real do que se pode obter na Arte?

    Com objetivos claros e humildes mas com possibilidade de ser atingidos numa única experiência.

    A gente que somente estivesse procurando por uma experiência ficará satisfeita e a gente que quisesse aprofundar nestes conhecimentos vai se matricular numa escola formal, que ainda continuará a existir mas somente para os que realmente desejem fazer esforços para apreender.

    Ou seja, uma mistura de informação obtida na internet, com experiência real repassada de pessoa a pessoa onde muitos dos participantes vão colaborar com novas idéias nascidas da sua experiência, outros partiram para o ensino formal e outros simplesmente decidiram não continuar.

    É um outro modelo, ainda não definido, mas que tenta se adaptar à realidade.

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    segunda-feira, 16 de março de 2009

    Arte Marcial para Defesa Pessoal ?

    A pergunta certa é:

    Treinando alguma Arte Marcial podemos ter 100% de certeza de agir da melhor forma possível no caso de ser atacados o tentar defender um outro numa situação de violência?

    A resposta é: Não

    Por que?

    Quase não existe 100% de certeza em nenhuma atividade humana.

    Podemos estar mais ou menos treinados para algumas situações, mas nunca para todas elas.

    Podemos estar 90% seguros de nossa capacidade de resposta ante uma situação inesperada, mas se o 10% restante, nos estressa constantemente, provavelmente essa angustia seja muito mais perigosa para nossa saúde física e mental, que a probabilidade, remota, de nos deparar com uma situação violenta nos moldes das que sabemos resolver.

    Mas, o treinamento regular de qualquer Arte Marcial seriamente, pode nos trazer soluções onde menos são esperadas.

    Vou contar uma experiência pessoal que para mim, explica melhor o tema que milhares de palavras que tentem explicar isto intelectualmente.

    Quando tinha aproximadamente 25 anos e com mais de 10 anos de treinamento em Karate e 5 em Aikido, ainda solteiro, viajava um Sábado na noite, da minha moradia suburbana, para o centro da cidade.


    Para chegar lá, precisava pegar um ônibus e logo o trem.

    Caminhava de frente para a estação do trem, sozinho pela rua, perpendicularmente a estação que também estava quase vazia, somente tinha uma pessoa de sexo masculino esperando trem para o lado contrario ao centro.

    E justo apareceu o trem no sentido bairro (contrario ao centro), não desceu nenhum passageiro, e o trem continuou seu percurso.

    Enquanto isso eu, estava fortemente necessitado de urinar e sabia que o banheiro público estava somente no lado dos trens centro-bairro (que de fato era o lado que ficava mais perto de mim).

    Me sentia desesperado, pensando que não chegaria ao banheiro, mas ainda assim, senti que "alguma coisa não estava certa" em toda a situação e escolhi caminhar mais 100 metros, me desviando da direção que originalmente tinha, para usar o banheiro de uma lanchonete na avenida.

    Depois de satisfazer minha urgência, voltei tranqüilamente para a estação (os trens somente passavam cada 40 minutos e ainda tinha tempo...) comprei minha passagem e fiquei olhando para o lado de frente onde estava a plataforma para os trens centro-bairro ...

    Ainda me incomodava o fato, de ter caminhado quase 100 metros demais, somente por um "impulso" sem muitas razões lógicas.

    O cara que tinha visto, ainda continuava na plataforma, sozinho...

    E chegou um outro trem no sentido centro-bairro.

    Dele desceu um cara jovem, também sozinho, que caminhando rapidamente, entro no banheiro da plataforma, atrás dele entrou também o cara que esperava desde antes.

    Passaram mais de 5 minutos e ninguém saía do banheiro (o qual é bastante extranho num banheiro publico masculino) e decidi, por curiosidade, comentar isso com o cara que vendia as passagens do trem.

    Ele, rapidamente, ligou para a policia e me comentou que isso era muito comum nas ultimas noites:

    Um cara estava dentro do banheiro com uma arma, e outro fora, quando o trem deixava um passageiro e ele entrava no banheiro, o cara de fora também entrava e entre os dois atacavam e seguravam ao outro, roubando seus pertences e exigindo dele que não deixasse o local até que o trem próximo deixasse a plataforma.

    Eles esperavam, esse trem chegar, subiam nele e repetiam toda a ação noutra estação.

    Eu tinha me salvado por muito pouco....

    Mas, qual foi a "mágica" que falou para meu instinto, que inclusive com a urgência quase desesperada de usar o banheiro me fez caminhar mais 100 metros, sem nenhuma razão lógica?

    Sem nenhuma razão lógica?

    Não tão assim.....

    Por que o cara que esperava o trem, não pegou ele, estando sozinho, sem aspecto de esperar por ninguém e sabendo que nas noites a freqüência era tão ruim?

    Existia uma lógica, para não passar perto dele, embora não fosse detectada diretamente pela minha consciência, alguma coisa me alertou que "algo não estava certo" e me fez agir contrariando minha necessidade mais imediata (ir ao banheiro mais próximo).

    Sempre achei que esse tipo de "confiança no instinto", de acreditar nele, inclusive sem muita lógica, foi desenvolvido em anos de treinamento marcial, tentando "ler" o comportamento de meu adversário no treinamento de técnico nas aulas.

    Percebi com clareza, que mais que saber-me defender o importante era apurar esses instintos, para "não estar no lugar onde podem aparecer os problemas" e se era inevitável, pelo menos estar preparado.

    O seja: Eu nunca treinei Artes Marciais, para desenvolver a minha segurança pessoal somente, treinava por muitas outras coisas, sendo a principal delas que realmente "gostava muito de treinar".

    Mas o investimento de anos e anos de treinamento, trouxe uma "conseqüência colateral inesperada" que, chegado o momento me ajudou a preservar minha integridade física, e nem sequer tendo que lutar!!

    A conclusão e que sim, as Artes Marciais podem servir para a defesa pessoal, mas pegando estradas bastante tortuosas, quase nunca no sentido que nossos esperávamos e somente depois de anos e anos de treinamento, sem uma garantia de 100% de efetividade.

    Mas, em meu casso, não somente foi bom, senão que me deixo uma clara resposta à essa pergunta que quase todos os Artistas Marciais sempre tentam responder, no que faz respeito a efetividade de seu treinamento.


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    quinta-feira, 12 de março de 2009

    Que são as Artes Marciais?


    Quando nos referimos às "Artes Marciais" (pelo menos neste site) estaremos falando de sistemas de treinamento físico e mental que visam modificar nossa personalidade de um modo tal que nossa mente e nosso corpo consigam agir em concordância, unificados na busca de um objetivo.

    Estas Artes, podem ser baseadas em sistemas religiosos, de treinamento em lutas ou meditação.

    Podem ter suas raízes na Grécia, na China, no Japão, Índia, Brasil, Espanha, Itália, EEUU ou em qualquer lugar do mundo.

    Podem estar fixas no passado ou evoluindo bem longe de seus origens.

    Podem ser baseadas na figura do antigo mestre chinês, do samurai do Japão ou em heróis bem ocidentais como "O mestre de esgrima" do escritor espanhol Arturo Pérez-Reverte, ou a história da França do "Cyrano de Bergerac".

    Em todos os casos, são sistemas de treinamento, baseados em regras de conduta e moral que vão além das estratégias nos campos de batalha, para se propor como completo "jeitos de viver".

    Temos a costume de somente catalogar como Artes Marciais às que tem suas raízes no oriente com seus códigos de comportamento registrados em livros como o Bushido e o Hagakure de Japão ou "A Arte da Guerra" da China.

    Mas os fatos, descobertos pelos antigos guerreiros do oriente, não são muito diferentes dos descobertos por outros guerreiros nos países do ocidente e também registrados como os códigos dos cavaleiros.

    No filme "O último Samurai" do ano 2003 fica bem claro como os valores profundos são igualmente reconhecidos e apreciados entre um tradicional samurai do japão e um capitão do exercito americano, muito além das diferentes costumes que cada um deles tem por pertencer a culturas tão diferentes.

    A valentia, a honra e o enfrentar a morte de cabeça erguida não são virtudes exclusivas do oriente, assim como a eficácia, o planejamento e a busca do triunfo não são exclusivas dos ocidentais.

    Esses "reconhecimentos de iguais" além das camadas externas também pode ser apreciado no filme Amadeus de Milos Forman do ano 1984.
    Nele dois ocidentais, pelos finais do 1700, de camadas culturais e sociais bem diferentes se reconhecem no fato que os une: a qualidade e o amor pela musica.

    No livro "O Zen na Arte do tiro com arco" também é retratado o descobrimento de "tudo o que tem por trás das Artes Marciais e o Zen" por parte de um típico cidadão ocidental moderno.

    Faz muito tempo, um colega de treinamentos me falou que ele não treinava Artes Marciais para ganhar uma briga de rua qualquer, senão para poder manter a calma na suposta situação de estar num avião onde o piloto informara que "a máquina está com problemas".

    Os antigos guerreiros perceberam com clareza que para poder ser vitoriosos em situações onde perder significa morrer, deviam poder enfrentar até a morte sem ficar nervosos, assustados ou agitados.

    A tranqüilidade para viver a vida, sabendo que ela não é para sempre, e sem negar a existência dos problemas é um "efeito colateral" que desenvolveram alguns antigos guerreiros.

    Com o passar do tempo essa "visão" da vida, foi considerada tão importante quanto as estratégias de luta propriamente ditas.

    Esse "reconhecer a morte" para saber viver a vida foi a conseqüência, não procurada diretamente, dos sistemas que visavam treinar guerreiros altamente capacitados.

    Hoje em dia, não lutamos mas "corpo-a-corpo" e é muito mais provável morrer por complicações decorrentes do estresse que numa batalha ou guerra.

    Inclusive no Japão mesmo as antigas Artes de Luta (Jutsu) foram modificadas, revigoradas e exportadas para ocidente como sistemas educativos (Do), assim o Ju-Jutsu se transformou, por exemplo, em JuDo.

    O conhecimento, treinamento e educação da personalidade através de sistemas de estratégia, treinamento físico e mental e respeito a valores profundos são os chamados "efeitos colaterais" tão valiosos hoje, como o foram no passado.

    O conjunto destes métodos, estudos, escolas são o que chamamos neste site de Artes Marciais.






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    sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

    O lado obscuro do KI

    O grande mestre do Aikido fazia estas coisas em 1969 aos 85 anos de idade.



    Muita gente ainda não acredita que os ataques foram reais, que os atacantes se jogavam sozinhos no chão.

    Mas um dos alunos da Europa que logrou treinar diretamente com o mestre contou que ele (de 1,80 mts de altura e mais de 100 kg de peso) era muito jovem e inexperiente na época e realmente não era fácil enfrentar num local cheio de público um mestre com as características tão especiais que faziam do sensei Uyeshiba o mestre de Artes Marciais mas famoso da sua época.

    Ele tinha uma mirada e um comportamento realmente potentes e acreditava com toda sua FÉ que ele era "um com o universo" e que tirava suas forças da natureza mesma....

    Todos sabemos o que pode fazer alguém totalmente entregue a suas convicções......

    E o Sensei Uyeshiba realmente fazia.....

    Basta observar este vídeo e pensar que ele tinha 85 anos de idade!!!!!





    O "Mestre Kiai"

    ATENÇÂO: Este vídeo pode ser bastante feio de presenciar, nele um senhor idoso é fortemente batido por um adversário bem mais jovem...



    Este vídeo foi muito difundido pela internet, eu encontrei ele num fórum sobre Aikido na Espanha.

    Nesse tópico do fórum se discutia o que fazer com os "falsos mestres" que proliferavam em todas as Artes Marciais ( como em todas as atividades)

    Alguns participantes falavam que o cara era realmente um "picareta" que inventou todo um esquema para, junto com um grupo de alunos jovens e inexperientes, tirar dinheiro dos incautos....

    Mas outro comentarista no fórum postou, com muita lógica, que ele não era simplesmente um picareta, senão que ele também estava auto-enganado, senão por que aceitaria se bater com outro mais forte e jovem ante o publico presente??

    E eu realmente coincido com este ultimo comentário. Por que muitas vezes encontrei "senseis" que dentro de seu mesmo núcleo passavam a auto-enganar-se assim como enganavam a seus alunos de forma inconsciente.

    É um risco grande, que os verdadeiros mestres experientes, humildes e centrados chegam a poder superar, com anos de treinamento e a sabedoria que traz o passar dos anos.




    Um ilusionista espanhol na televisão



    Um ilusionista espanhol demonstrando quanto a postura, as câmeras da TV e o jeito convencido de falar, podem fazer na gente que é fácil de influenciar...

    Observem que no truque final onde uma fila de gente vai empurrar ele, coloca antes de iniciar uma condição: (o som está em espanhol mas acho que dai para compreender)

    Que não iniciem violentamente senão de um jeito gradual aumentando aos poucos a força aplicada...

    Ele primeiro sugestionou ao primeiro da fila (que ele facilmente avaliou como o mais fácil de influenciar) e depois colocou varias outras pessoas atrás dele....

    Quando muitas pessoas vão fazendo força gradualmente uns sobre outros, o resultado final não é a suma das forças aplicadas.

    Por que o corpo de cada um, ao sentir força nos seus ombros inconscientemente tenta se re-equilibrar fazendo força para atrás ou seja: suas mãos tentam empurrar para adiante mas seu corpo tenta ir para atrás.

    Se dão o suficiente tempo para que o corpo reaja (por isso ele pedia que as forças sejam gradualmente aplicadas) a resultante final de todas as forças é quase zero.....

    E se além disso o primeiro da fila está duvidando, a pouca força resultante fica totalmente sob ele sem que consiga transmitir ela para adiante.......

    Vemos como com um pouco de conhecimento de mecânica corporal, psicologia e segurança em se mesmo é muito fácil fazer truques que enganem ao publico......

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    quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

    Fazendo com KI (vídeoLog)

    Muitos dos princípios e conceitos como KI ou Zanshin podem ser visualizados na execução de diversas atividades, artísticas ou esportivas....

    Prestem especial atenção em:



    Atuando com KI: observar como o ator que faz do samurai Musashi (o vencedor do duelo) fica desde o principio ao fim concentrado em seu adversário e como fica atento para ele depois de desferir os golpes finais, também comparem com o final do canto do "Cantando com KI" e poderão conferir que os níveis de concentração e intensidade são iguais isto pode ser definido como ZANSHIN.





    Dançando com KI: observar o fluir contínuo e constante, o equilíbrio, a graça e a harmonia entre os dois dançarinos.....





    Aikido com KI: Observar como a atenção do executor da técnica fica "conectada" depois de executar cada técnica, a conexão entre eles continua após do "fim da técnica" isso é ZANSHIN.......





    Futebol com KI: Observar como o jogador vai passando através dos jogadores do outro equipo e como lembra um pingo de agua escorregando entre as pedras, elgante, fluído, harmonioso mas ao mesmo tempo impossível de parar....





    Amedrontando ao rival com KI: Observar a concentração total de cada executor nos seus próprios movimentos, mas também na harmonia com o resto do grupo e como isso afeta aos rivais, antes de iniciar o encontro.
    Eles conseguem: "vencer antes de iniciar a partida........ "





    Cantando com KI: Observem a potência real de uma máquina perfeita (a sinfónica, seu coro, seu solista e o maestro) e muito especialmente no minuto final da canção, onde pode se perceber claramente, na cara do cantor, como ele mantém a atenção e concentração uns 5 segundos depois de terminar com o esforço final.....
    ZANSHIN (atenção flutuante) da melhor espécie...........






    Escrevendo contos com KI:

    De Jorge Luis Borges (Buenos Aires, 24 de Agosto de 1899 — Genebra, 14 de Junho de 1986) foi um escritor, poeta, tradutor, crítico e ensaísta argentino mundialmente conhecido por seus contos e histórias curtas.

    As ruinas cirulares
    Um índio chega, de canoa, a uma parte da margem de um rio onde há um templo, o templo do deus Fogo. Dentre inúmeras coisas que ali realiza – sempre solitário -, resolve dormir e sonhar, para assim manter-se ocupado e “povoado”. Um dia, resolve criar um mundo paralelo, sonhando. E seus sonhos começam a ter conexão. Então, resolve ter um filho, criar um homem pelo sonho, dar-lhe vida, dar-lhe existência em seus sonhos.

    Funes "o memorioso"
    Personagem da ficção de Borges, Funes teria tido uma vida comum. Um acidente mudou definitivamente o rumo da vida desse peão de uma estância no sul do Uruguai.
    A capacidade de tudo lembrar ou, em outras palavras, a incapacidade de esquecer tornou-se a "doença’ de Funes, apelidado de "o memorioso".

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