quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Rugby e Artes Marciais

Uma experiência pessoal e uma proposta para unir dois mundos que tem muito mais em comum do que parece numa primeira visão..........

Um post publicado pelo mesmo autor na rede AIKI CLUB clique aqui para abrir o artigo selecionado.



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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Filme Hotel Ruanda - Um gerente "Samurai"



O melhor exemplo do que o respeito aos princípios o treinamento e a disciplina podem fazer por uma pessoa e pela sociedade.

Recomendo muito que vejam completo este filme (fácil de alugar em qualquer vídeo-locadora) para conhecer a história REAL do homem que salvou mais de 1200 pessoas da massacre étnica que aconteceu na Ruanda em 1994.

Vejam como este simples gerente de hotel multinacional, consegue agir sempre corretamente e com o "timming" exato, negociar com os "inimigos", obter ajuda dos "poderosos" e ajudar a sua familia, vizinhos e até gente desconhecida.

Como consegue agir no meio da loucura, seguindo seus princípios com disciplina, postura, inteligência negociando inclusive com os personagens mais terríveis e violentos.

Nunca eu vi melhor definição de disciplina que ele colocando dia após dia seu paletó e gravata no meio do desastre, do medo e das mortes.

E fazendo trabalhar aos funcionários do hotel como se todo estivesse normal, inclusive acompanhando com a sombrinha aos poucos hóspedes ocidentais e aos muitos refugiados que ele recebia dia após dia.

O protagonista real desta história, mora hoje na Bélgica (nos extras do DVD tem uma excelente reportagem dele)







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Meu filho começou a treinar RUGBY

 
Tenho um filho de 14 anos. Ele dorme umas 8 horas, fica na escola outras 5 horas e o resto do dia é dividido em comer, olhar a televisão e brincar com o computador......

Nos anos anteriores ele já treinou futebol, baseball, basket, natação e até um pouco de Aikido me acompanhando nas aulas que eu ministrava.

Por diversas razões, ele foi abandonando todas as atividades físicas, mas o computador e a televisão foram usados cada vez mais......

Uma história bem comum para qualquer familia que more num centro urbano nos últimos tempos.

Na pré-adolescência, os meninos mudam rapidamente, tanto que as vezes os pais nos encontramos olhando para eles e dizendo "já é um homem" e não conseguimos detectar quando foi que eles cresceram tanto.

O problema é que também cresce a barriga, a rigidez e os problemas de saúde derivados da falta de atividade física. Sempre acreditei que os esportes de grupo, quando bem ensinados, são uma das melhores ferramentas para que um jovem mantenha seu corpo sadio e além disso treine os fundamentos das relações sociais que no futuro, com certeza, vai ter que exercitar.

Eu tenho 47 anos, e na minha juventude tinha perfeitamente claro que queria apreender Artes Marciais, mas meu pai (que pagava as aulas e tinha a última palavra) não deixava, e como compensação me obrigou a conhecer e treinar dezenas de esportes e atividades físicas com a esperança que abandonara minha idéia de treinar Artes Marciais.

Assim ( e sempre vou ficar grato com meu pai, por isso) dos 8 até os 18 anos, treine quase todos os esportes disponíveis nos clubes de meu bairro e um deles foi o Rugby.

15 integrantes por cada time se enfrentam num campo gramado um pouco maior que o de futebol, com dois arcos em cada ponta em forma de H. Disputam por uma bola de forma ovalada que deve ser apoiada atrás da linha final do campo adversário ou chutada por sobre a trave me forma de H. Tem uma enorme quantidade de regras, códigos de comportamento, contato físico extremo e requer grande treinamento para aguentar uma partida sem se machucar ou ficar extenuado. Também possui um amplo leque de técnicas e regras que praticamente impedem os comportamentos ruins, perigosos e as más intenções dos jogadores.

Gostei bastante, mas aos 18 anos, com o dinheiro de meu próprio salário, decidi partir para o treinamento de Karate, meu pai já tinha desistido de tentar me desestimular.

Após isso, estudei Karate, Judo, Taekwondo e Aikido por mais de 20 anos.

Nas ARTES MARCIAIS (quando são estudadas e treinadas como ARTES), não existe a competição e o objetivo final é o aprimoramento constante da personalidade e das técnicas de cada aluno. Não existe inimigo nem aliado fora de sim mesmo (a unica competição real é contra ele mesmo).

Especialmente no AIKIDO, encontrei uma grade quantidade de respostas para minhas perguntas, que me acompanhavam desde minha juventude por exemplo:

Onde está o centro gerador de potência do nosso corpo?
  • Como poder enfrentar alguém mais forte ou habilidoso?
  • Como o simples treinamento físico pode influenciar positivamente nossa personalidade?
  • Como manter a atenção sempre alerta sem ficar "grudado" nos meus pensamentos ou acontecimentos externos?
  • Como conservar o equilíbrio, a distancia, o relaxamento e a eficiência baixo pressão?
  • Por que o relaxamento pode gerar eficiência?

Com o tempo, e também a paciência quase infinita de meus professores e companheiros, depois de quase uma vida dedicada aos treinamentos e estudo, achei algumas respostas no fundo de meu coração (as respostas teóricas ou intelectuais, já tinha achado muito antes, mas não foram suficientes).

O problema foi, que junto com o esclarecimento de algumas destas dúvidas, chegaram também um novo lote de dúvidas mas esta vez referidas ao "centro" da metodologia de ensino das mesmas Artes Marciais tal como são ensinadas hoje.

Muitos de meus professores, alunos, companheiros de treinamento e amigos brincaram que era "a crise da idade adulta" que me havia afetado jejejeje.......

Pode ser, mas acredito que tem mais alguma coisa, alguma razão realmente válida.

Resumindo:
As experiências de transformar as Artes Marciais em esportes ou lutas profissionais demonstraram que as artes deixavam de ser ARTES e mudaram para outra coisa, perdendo no caminho, suas melhores virtudes.

Mas as que se conservaram fieis a seus raízes, se converteram (em muitos casos, não todas) em "aguas paradas" conhecimentos que não evoluem e contradizem sua própria essência. Podem conferir um exemplo disto no post O lado obscuro do KI na parte "O mestre KIAI"

Minhas principais questões, agora são:

Por que devemos esperar 20 anos de treinamento para re-conhecer os princípios fundamentais das Artes Marciais e ainda não poder testar eles em situações reais na vida cotidiana?

Eu não estou falando de dominar perfeitamente toda uma ARTE (coisa que pode requer muito mais de 20 anos) senão de reconhecer e testar seus princípios de funcionamento em nosso dia-a-dia.

Não seria bom ensinar a experimentar alguns dos princípios básicos para que o público comum (não treinado em Artes Marciais) pudesse tentar aplicar eles nas suas atividades, lazer ou profissão e utilizar esta experiência como campo de evolução (feedback) das Artes Marciais, sem ter que misturar elas o fazer que sua essência seja esquecida?


Eu já encontrei muitas experiências deste tipo como por exemplo na medicina, na política e em muitos outros campos do conhecimento.

Feita toda esta longa (mas necessária) introdução, vou seguir comentando a experiência de meu filho no Rugby e depois as conclusões:

Por meu trabalho como programador, tenho muito contato com internet e nela encontrei que existia a possibilidade de treinar Rugby em Florianópolis, contatei os responsáveis e lá fomos, um Sábado pela manhã para presenciar um treinamento num lugar onde nunca poderia ter pensado que existisse um campo de Rugby, entre as dunas, o mato, a lagoa e a praia de Joaquina. (essas coisas que somente parecem ser possíveis aqui em Florianópolis)


Encontramos vários times treinando, de diferentes clubes, adultos, garotos e mulheres, representando quase todos os cantos de Floripa.

Posso lembrar 1 português, 5 argentinos, 2 ingleses, 2 chilenos e 3 uruguaios, quase todos ex-jogadores ou técnicos nos seus países de origem, ensinando e treinando um grupo de aproximadamente 50 jovens quase todos brasileiros de origem, uma experiência bem "inter-cultural".

Eu não vou negar que tinha "um pé atrás" com respeito à atividade, como já escrevi antes, a segurança dos jogadores depende muito da qualidade técnica, moral e metodológica de quem ensina.

E aí é que tive uma excelente surpresa, o cara responsável, não somente conhecia perfeitamente o jogo (com esse jeito de quem tem anos e anos treinando uma atividade) senão que fazia questão de cuidar dos meninos, sem apartar-se nem um segundo deles quando treinavam ou jogavam. Passava para eles constantemente dicas de como se comportar corretamente e castigava duramente (com palavras e flexões) a quem dizia palavrões ou colocava em risco a segurança de seus companheiros.

E mais importante ainda, esclarecia permanentemente a todos que eram UMA EQUIPE, que o rendimento de cada um influenciava o rendimento do grupo todo, que é importante compartilhar e que os erros e falta de atenção prejudicavam não somente ao jogador senão ao time todo.

Exatamente as lições que eu queria para meu filho!

Foi passando tempo e fomos conhecendo outros times e treinadores e por enquanto posso garantir que, com maior ou menor afinidade pessoal, todos respeitam esses princípios de jogo limpo e honra que parecem ser parte inseparável do esporte quando é compreendido como "fair play".

Como eu estou acompanhando os treinamentos completos, consegui perceber o seguinte:

A flexibilidade de cada jogador e sua percepção do grupo são muito importantes.
    a rotina previa de aquecimento, bem poderia ser enriquecida com a ginástica e exercícios de respiração e unificação que são feitos antes do inicio do treinamento do Aikido. Especialmente pelo fato de preparar as articulações para o movimento e gerar um estado de "atenção flutuante" onde cada jogador tem uma espécie de conexão constante com o grupo todo, ele mesmo, seu equipe e os adversários sem deixar que nada atrapalhe sua concentração.
    • Os jogadores deveriam ter uma técnica apurada de quedas e rolamentos.

    em cada partida é muito comum sofrer quedas, decorrentes de "tackes", empurrões ou simplesmente decorrentes do desequilibro na dinâmica de uma jogada, para evitar machucados e além disso, se-levantar rápido e continuar com a jogada, as técnicas de queda do Aikido podem ser utilizadas, elas foram desenvolvidas para que o aluno apreenda a cair sem se machucar e se levantar o mais rápido possível sem perder a dinâmica dos acontecimentos.

    Em certas jogadas é muito vantajoso saber baixar o centro de gravidade, ter "base" e saber "fazer força".

    no ruck ou no scrum a habilidade de "baixar o próprio centro" e saber conduzir a força do chão para os braços e ombros, unida aos conhecimentos técnicos de cada jogada, podem fazer uma enorme diferencia na questão potência e efetividade, varias técnicas e exercícios do Aikido, como o tenchi-nage ou kokiu-ho ajudam muito na percepção da geração e deslocamento das forças assim como no sentimento de geração de energia no centro do corpo (seika tandem).

    O "braço inflexível" do Aikido é muito útil no "Hand Off" do Rugby.










    existe em varias Artes Marciais, um exercício onde se treina um jeito de manter o braço esticado sem que o adversário possa dobrar ele por mais força que ele aplique, se concentrando mentalmente na extensão da energia e sem deixar que o foco da sua atenção seja apropriado pela ação do oponente. É muito similar a imaginar que nosso braço é como uma mangueira de bombeiro, totalmente fácil de dobrar quando vazia e quase impossível quando a água está passando com forte pressão através dela. É experimentar a "força da imaginação" imaginando que nossa respiração é como a água que passa desde nosso centro através de todo nosso braço e sai pela ponta dos dedos abertos. Um método para experimentar como a força da expansão muitas vezes é mais poderosa que a simples força de contração muscular.

    O jeito de tratar e passar a bola no Rugby tem muito em comum com a forma de segurar e mexer as armas nas Artes Marciais.

      no último treinamento de meu filho foi pedido para ele e seu grupo que não executem "passes hospital" ou seja: passes altos, com a bola jogada de qualquer jeito, para um companheiro que vai ter que se-esforçar para poder pegar a bola e pior que isso ainda, numa posição desvantajosa, na qual quase com certeza vai receber um forte "tacke" que o pode enviar para o hospital.

    Além da piada, o treinador falou que tinham que colocar "peso na bola" antes de fazer o passe.

    Nas antigas Artes Marciais os alunos que treinavam uso da espada, perguntavam para seus mestres "onde colocar a concentração" (na empunhadura ou na ponta da espada?, no adversário ou em eles próprios?) e com que força devia ser pegada a espada? (quando as mãos estão com muita tensão, um golpe "seco" da espada do oponente, pode com facilidade tirar de nossas mãos nossa espada, e se nossas mãos estão muito relaxadas pode acontecer a mesma coisa, qual é a força justa e necessária? ).

    As respostas dos mestres eram:

    "A concentração não deve se fixar em parte nenhuma, estando livre e disponível para passar automaticamente de um lugar para o outro, se adaptando a qualquer situação...."

    "A forma de empunhar uma espada (bola no Rugby) é como segurar um passarinho na mão, com a força necessária para que ele não fuja, mas impedindo o excesso, que terminaria com o passarinho esmagado dentro de nosso punho"

    De estas respostas sairiam uma série de exercícios destinados a apreender a colocar a força completa do movimento na ponta da espada (ou na ponta da mão, ou no Rugby na bola mesma).

    É mais ou menos o mesmo que fazemos naturalmente ao cortar um bife com a faca numa refeição, colocamos a força na ponta da faca não na sua empunhadura (coisa que fazem os meninos quando ainda não sabem usar os talheres, fazendo o triplo de força que a necessária e sem lograr cortar a carne....)



    CONCLUSÕES
    *** Nos últimos dias com a noticia que o Rugby vai voltar para os jogos olímpicos e justo quando Brasil será sede deles, tem atraído muita gente para a atividade e dentro dela, criou a necessidade de encontrar talentos jovens para ter uma seleção bem competitiva para então.

    *** Acredito que incorporar conhecimentos e treinamentos das Artes Marciais dentro das rotinas de treinamento de equipes de Rugby (e na realidade de vários outros esportes de competição) pode trazer enormes benefícios, tanto para os rugbiers como para os artistas marciais que encontraram um campo de experimentação real e protegido para a aplicação prática dos princípios estudados e treinados nas suas disciplinas.

    (Podem conferir uma boa matéria sobre o Rugby como Batalha Medieval no site do Desterro Rugby Clube) *** Meu conhecimento mais forte é na área das Artes Marciais, creio que com a colaboração de um treinador experiente e preparadores físicos, testando um programa devagar e corrigindo de acordo aos resultados obtidos pode-se definir:
    1) uma sessão (única) de aproximadamente 1 hora com os fundamentos dos princípios das Artes Marciais, falando num idioma "rugbystico", com exemplos que sejam conhecidos na atividade mesma e tentando que os participantes experimentem (sentir) quais são as vantagens de estudar e aplicar o novo modelo, tanto em seus treinamentos, como nos jogos mesmo. (podem conferir um trabalho similar, que deverá ser adaptado, no post -> WORKSHOP EXPERIÊNCIA AIKI)
    2) uma rotina de aproximadamente entre 5 e 10 minutos para incorporar no aquecimento prévio aos treinamentos focada especialmente na coordenação mente-corpo através da respiração, elongação das articulações, deslocamentos (tai-sabaki) e quedas (ukemis) e eventualmente, 5 minutos de treinamento de uma técnica em duplas (especialmente recomendadas kokiu-ho, tenchinage ou iriminage) trocando cada 4 vezes o executor.


    Estou escrevendo este texto com o intuito que seja lido pela maior quantidade de gente relacionada com o Rugby e as Artes Marciais em particular e outros esportistas no geral.

    nota:Por favor, lembrar que certos conhecimentos demasiado óbvios para um conhecedor de uma atividade podem ser desconhecidos para um outro leitor que conheça a outra atividade, por isso decidi explicar, de um jeito bem simples, todos os conceitos básicos de ambas atividades. Espero comentários e gostaria de ter propostas para fazer acontecer esta idéia, avaliar seus resultados e publicar no futuro os resultados.







    CONTATO

    Claudio Budnikar - Artista Marcial - Ex jogador de Rugby. email via AIKI CLUB: zanshinaikido@gmail.com email via BLOG ARTES MARCIAIS HOJE: zanshinaikido@gmail.com

    REFERÊNCIAS
    Blog Artes Marciais Hoje Desterro Rugby Club Associação Brasileira de Rugby

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    sexta-feira, 6 de novembro de 2009

    Apresentação Workshop Experiência AIKI



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